Uma vez eu sonhei com um lugar chamado Goiabal, onde havia um emprego. No sonho, me avisaram: "A prefeitura de Goiabal está precisando de um jornalista para escrever sobre balas e doces". Goiabal ficava longe: tive que pegar umas três conduções para chegar lá. Quando cheguei, o emprego foi meu por um ano e pouco. A distância atrapalhou e eu acordei.
Era 2005, e na vida real eu morava com meu pai e minha avó na Vila Mariana, São Paulo. Não fazia a menor ideia de onde ficava Goiabal, nem tampouco se esse lugar existia. Pesquisei, e achei duas possibilidades: São José do Goiabal, em Minas, e Goiabal, em Calçoene, cidade do Amapá.
Essa última me interessou. Comecei a pesquisar freneticamente sobre o Amapá e bolei o projeto de um livro. Eita lugar interessante! Mas os anos se passaram, e nunca fui lá.
Corta.
Quatro anos depois, morando Cariri cearense, precisei ir até uma cidadezinha de oito mil habitantes, chamada Abaiara. Estava visitando lugares distantes, para fazer reportagens sobre Programa de Alfabetização na Idade Certa. Sempre ia de carro, mas desta vez, por algum motivo, tive que pegar ônibus. Ou melhor, Topics, as vans de lá. Mas não bastava. Chegando em uma cidade vizinha, precisei subir em uma D20. Quando cheguei à Abaiara, após duas horas de viagem, estava tonta de calor.
O lugar estava agitado, era dia de pagamento. Me desviei das galinhas, bicicletas, cachorros e mulheres arrastando crianças pela rua, procurando freneticamente a prefeitura, para poder me livrar logo daquilo. Foi quando vi este prédio, e comecei a chorar sem fazer ideia do motivo:

Era a prefeitura de Abaiara, ou melhor, de Goiabal. Era exatamente o mesmo prédio do meu sonho. A mesma cor, a mesma arquitetura, a mesma distância. Liguei os pontos. O Cariri é Goiabal. As oportunidades que tive lá fizeram a minha vida mais doce. A goiaba, fruta, é das preferidas do nordeste. Esteve presente até mesmo no meu enjoo: quando passei mal por dois dias, rejeitando o tempero local, foi de sorvete de goiaba que me alimentei (motivo pelo qual, até hoje, associo o sabor da goiaba a esse período e não consigo comer).
Passei quase dois anos sem saber que estava no lugar que tanto busquei. Algumas pessoas perseguem seus sonhos. No meu caso, foi o sonho quem me perseguiu.
Era 2005, e na vida real eu morava com meu pai e minha avó na Vila Mariana, São Paulo. Não fazia a menor ideia de onde ficava Goiabal, nem tampouco se esse lugar existia. Pesquisei, e achei duas possibilidades: São José do Goiabal, em Minas, e Goiabal, em Calçoene, cidade do Amapá.
Essa última me interessou. Comecei a pesquisar freneticamente sobre o Amapá e bolei o projeto de um livro. Eita lugar interessante! Mas os anos se passaram, e nunca fui lá.
Corta.
Quatro anos depois, morando Cariri cearense, precisei ir até uma cidadezinha de oito mil habitantes, chamada Abaiara. Estava visitando lugares distantes, para fazer reportagens sobre Programa de Alfabetização na Idade Certa. Sempre ia de carro, mas desta vez, por algum motivo, tive que pegar ônibus. Ou melhor, Topics, as vans de lá. Mas não bastava. Chegando em uma cidade vizinha, precisei subir em uma D20. Quando cheguei à Abaiara, após duas horas de viagem, estava tonta de calor.
O lugar estava agitado, era dia de pagamento. Me desviei das galinhas, bicicletas, cachorros e mulheres arrastando crianças pela rua, procurando freneticamente a prefeitura, para poder me livrar logo daquilo. Foi quando vi este prédio, e comecei a chorar sem fazer ideia do motivo:
Era a prefeitura de Abaiara, ou melhor, de Goiabal. Era exatamente o mesmo prédio do meu sonho. A mesma cor, a mesma arquitetura, a mesma distância. Liguei os pontos. O Cariri é Goiabal. As oportunidades que tive lá fizeram a minha vida mais doce. A goiaba, fruta, é das preferidas do nordeste. Esteve presente até mesmo no meu enjoo: quando passei mal por dois dias, rejeitando o tempero local, foi de sorvete de goiaba que me alimentei (motivo pelo qual, até hoje, associo o sabor da goiaba a esse período e não consigo comer).
Passei quase dois anos sem saber que estava no lugar que tanto busquei. Algumas pessoas perseguem seus sonhos. No meu caso, foi o sonho quem me perseguiu.
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